Mário Medaglia: Vou conversar com São Tomé

09.09.2021

Mário Medaglia: Vou conversar com São Tomé

Virou moda no país peitar instituições, autoridades, ou quem quer que tenha algum poder como agente da lei. No futebol, especialmente, é lugar comum desde que as primeiras bolas apareceram por aqui em 1894, trazidas pelo paulistano Charles Miller. De lá para cá se criou o conceito de que o singular “esporte bretão” pode tudo e vive numa bolha, uma espécie de blindagem à qualquer tipo de legislação. Com a bola rolando ninguém resiste aos desafios propostos pela desobediência e pelo jeitinho brasileiro.

Foi assim que o presidente da Federação Catarinense, Rubens Angelotti, alcançou seu objetivo. Tamanho foi o seu berreiro pela volta do público aos estádios que o governador Moisés e o Secretário da Saúde, André Motta, mudaram de opinião da noite para o dia. “Torcedor na arquibancada talvez em outubro”, respondiam eles. Pois não é que já semana que vem teremos estádios com gente dentro, e não só no gramado?

Por enquanto não temos percentuais nem se sabe o regramento a ser obedecido. Obedecido? A Saúde e a Vigilância Sanitária ainda estão devendo detalhes para esclarecimento e segurança de todos os envolvidos. De certo só a data, 15 de setembro, começo da Copa Santa Catarina, com participação de oito clubes.  Avaí, Caçador, Criciúma, Figueirense, Hercílio Luz, Joinville, Juventus e Marcílio Dias lutarão pelo título que garante vaga na Copa do Brasil de 2022.

Essa briga é nacional e já rendeu muita encrenca. As primeiras liberações de público provocaram demandas judiciais, desrespeito aos protocolos sanitários e ameaças de WO, como pode acontecer se o Grêmio não entrar em campo contra o Flamengo. São consequências naturais do “cada um faz o que quer e bem entende e a qualquer tempo”. A confusão está estabelecida e não tem autoridade que impeça tanta desobediência. Órgãos federais querem de um jeito, os estaduais fazem de outro, os municípios inventam um terceiro. Os clubes não querem saber. A opção é pelo dinheiro em caixa, ainda que pouco e ainda que a custa da saúde da população.

Eu cá do meu canto tento entender tanta ambiguidade. A Fesporte acaba de cancelar sete eventos, esperando para realizar ao menos os Jogos Abertos em São José, em novembro. Claro, são competições bem mais complexas do que um pontual jogo de futebol. Em qualquer caso há riscos, o principal deles gerado pela falta de educação deste povo, avesso ao cumprimento da lei, por mais branda e permissiva que seja. Vou tentar um contato com São Tomé pra ver o que ele me diz. Sei o que vou ouvir, conheço a opinião dele, mas não custa tentar. Quem sabe ele me dá alguma esperança de que pode dar certo.

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Uma resposta para “Mário Medaglia: Vou conversar com São Tomé”

  1. Paulo Romão disse:

    Esse é o jornalismo abestado, boçal e presunçoso de hoje em dia, que acha que pode ensinar ao povo como deve pensar e agir.
    Lamentável!

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