Os episódios de estupidez e falta de educação se espalham e se repetem pelos gramados do país. A turba não vai mais ao campo de jogo para ver futebol, só quer saber de briga dentro e fora do estádio, de vandalizar o patrimônio do seu próprio clube ou do adversário. As vaias foram substituídas por ofensas, por manifestações de racismo e agressões. A volta da torcida às arquibancadas virou um tiro no pé, ninguém segura bandidos travestidos de torcedores.

As injúrias raciais apareceram de novo, desta vez contra Jefferson, do Remo, na vitória sobre o Cruzeiro. Nem deu tempo para esquecer o episódio de Brusque e as ofensas contra o Celsinho, do Londrina. Uma das Câmaras do STJD puniu o clube catarinense com 100 mil de multa, perda de três pontos e afastamento por um ano de um cidadão que não fará falta ao clube.

Como a justiça esportiva é lenta e omissa, ainda não houve o julgamento do recurso pelo Pleno. Estão esperando a definição dos rebaixados para lavarem as mãos? Vem mais confusão por aí. E o que vão fazer com o caso do Cruzeiro/Jefferson? Afinal, diz o ditado, pau que bate em Chico, bate em Francisco. No futebol tenho dúvidas, porque uma coisa é punir o Brusque, a outra o Cruzeiro.

Policiamento mal planejado, feito por gente despreparada, permite o que se viu após a derrota do Grêmio pelo Palmeiras, com brigas nas arquibancadas e destruição da cabine e do monitor do VAR. Nada está funcionando nos estádios brasileiros, a começar pelos protocolos sanitários. O que se vê é muita aglomeração e rostos sem máscara.
Os gestores da bola estão perdendo a batalha – foi no que se transformou – contra os vândalos e arruaceiros. O Grêmio já foi punido por manifestação racista de uma torcedora contra o goleiro Aranha, na época defendendo o Santos. Isso foi em 2014, mas continuamos vendo mais do mesmo.

Depois dos novos atos de vandalismo ficamos com a impressão que a Arena gremista e outras construídas para a Copa estão se transformando em algo parecido com os circos da Roma Antiga. Ali Imperadores e o povo ululante, aglomerado – na época podia – nos degraus, decidiam qual gladiador deveria sobreviver.Era o “pão e circo” daqueles tempos. O pouco pão nosso de hoje e o circo mambembe é a bola rolando nos gramados. Ainda não houve mortes, felizmente, apesar dos protestos injustificáveis e violentos, como os que aconteceram domingo em Porto Alegre. A arbitragem fracassou, sim, errando feio contra os dois lados, ao validar o gol do Grêmio – falta na origem do lance – e anular o do empate, legítimo. Os “Brigadianos”, como são chamados os PMs no Sul, custaram a aparecer. Eram meia dúzia e não deram conta do recado. Como são muitas as evidências do distúrbio, o Grêmio pode somar aos problemas que tem no gramado uma punição severa pelo STJD. Terá que levantar as mãos para o céu para evitar levantar a lona em outro lugar.

Foto: Reprodução / TV Globo

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