Mário Medaglia: É bom, mas é ruim

06.10.2021

Mário Medaglia: É bom, mas é ruim

O Avaí não pode num dia ser o melhor time, com um grande elenco, candidato a uma vaga na elite de 2022 e quem sabe campeão de 2021, credenciais alcançadas sob a batuta do ótimo treinador Claudinei Oliveira. E no outro virar uma equipe medíocre, com um grupo cheio de carências, sob o comando de um técnico teimoso e sem convicção.

É assim que a banda toca no jornalismo esportivo. Somos seres muito volúveis, às vezes agimos ao sabor do vento, como birutas de aeroporto. De repente, na mão ou contramão dos resultados, acabamos nos aproximando da passionalidade, prima da conveniência, aceitável somente no torcedor.

Aos fatos: até o jogo da terça-feira, quando mais uma chance de três pontos foi desperdiçada, o Avaí somava quatro vitórias consecutivas, o que não é pouco numa série B tão disputada como esta. Li, ouvi, e estou concluindo, que tudo o que se falou e escreveu até o empate com a Ponte, continha certo exagero, para o bem e para o mal.

Esta ambiguidade de opiniões está na natureza da profissão e vem acontecendo pelos bons resultados mesclados com atuações decepcionantes diante de adversários como a desconsiderada a Ponte Preta. De campanha irregular, sim, mas, como alertei em coluna anterior, coerente com o que eu penso, cautela e canja de galinha não fazem mal. O 1 a 1 me deu razão.

Não arredo pé de alguns considerandos. O primeiro deles mira o Claudinei. É um teimoso e lê muito mal o jogo. Repetiu contra a Ponte o que faz inesperadamente em alguns momentos do segundo tempo. O time estava bem até que, de repente, sem a menor necessidade, resolveu fazer três substituições de uma vez, colocando Valdívia, Jadson e Rômulo. Desestabilizou o meio de campo, provocando a expulsão do Bruno Silva. Rômulo, que recém entrara, voltou para o banco. Um desastre, a Ponte passou a dominar o jogo.

O segundo considerando vai de encontro à decantada qualificação do elenco. O Avaí tem uma boa zaga, Betão e Alemão estão entre os melhores da posição, Edilson se vale da experiência para garantir a titularidade. Mas os dois laterais esquerdos não se firmam por causa das indefinições de quem os escala. O meio de campo e o ataque vivem na Bruno/Copete dependência. Getúlio é um centro avante bissexto, bem como o Vinicius Leite, e Jonathan é um atacante de área, zona que ele menos frequenta porque flutua demais. Não vamos nos esquecer da permanente rejeição ao goleiro Gledson a cada gol sofrido. Ele é acusado de ter fincado raízes sob o travessão. Talvez por ser muito bom ali, não há cruzamento que o tire de lá.

Um treinador com muita convicção, menos teimosia, mais ousado, e com boa dose de autocrítica amenizaria os problemas e transformaria mais facilmente em realidade os sonhos do torcedor. Portanto, é bom não carregar nas tintas quando pintarmos o quadro de possibilidades do Avaí. A campanha é boa e seria ótima não houvesse tanto descuido, e não por culpa dos jogadores. Não são eles que tiram o time do prumo.

Foto: Leandro Boeira /AFC

Clique e leia mais textos de Mário Medaglia

Deixe seu comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Ao publicar um comentário, você concorda automaticamente com nossa política de privavidade e nossa política de cookies