Mário Medaglia: Copia e Cola

15.10.2021

Mário Medaglia: Copia e Cola

Jogadores do Cruzeiro entraram em greve com apoio do técnico Luxemburgo. Motivo? O de sempre, atraso no pagamento de salários e descumprimento de outras obrigações contratuais. Aqui as mazelas do tipo são avaianas, apesar da boa campanha na série B, como um dos candidatos fortes ao acesso. O grupo está segurando a barra, que não é leve, com certeza orientado pelo capitão Betão, evitando que a maionese desande em plena caminhada rumo à elite. O Figueirense foi abatido por malversação dos seus parcos recursos.

Não é novidade no futebol brasileiro. Em todas as temporadas aparecem clubes com as finanças na UTI, contaminadas pela má gestão e pela irresponsabilidade de alguns cartolas. Tem gente que exagera nos gastos  com contratações, mesmo os superavitários como o Grêmio, esquecendo que o futebol não é feito só no gramado. O São Paulo também experimentou a decepção com Daniel Alves. As consequências aparecem na classificação do Brasileiro.

Nesse copia e cola do nosso futebol tem espaço para anúncios de demissão de treinador.  Parece notícia velha, mas nos casos recentes não é. Felipão no Grêmio e Crespo no São Paulo são as últimas vítimas desta brasileiríssima cultura de botar a culpa no mordomo. A diferença agora é que os clubes encontraram um jeitinho bem nosso de burlar a legislação de “só dois treinadores por campeonato”.

Inventaram o comum acordo, abrindo brecha na lei que acabamos de aprovar e que joga na lata do lixo a tentativa de proteger o emprego dos “professores”.  Se bem que eles mesmos não se ajudam. Acaba de acontecer com Vagner Mancini, que deixou o América MG na estrada para assinar com o Grêmio. Falta de ética dos dois lados, e não há lei que dê jeito nisso.

Enfim, Raphinha

Quem duvidou que assistiríamos mais um copia e cola da seleção? Pois a expectativa ruim pelo retrospecto das últimas atuações foi revertida justo contra o Uruguai, o maior rival depois da Argentina. Vimos uma goleada de 4 a 1 e, o melhor de tudo, o jogo coletivo do time que entrou em campo em Manaus coberto de desconfiança, incluindo o treinador.

O Brasil sobrou e só não humilhou os uruguaios graças à espetacular atuação do goleiro Muslera. Neymar deixou o individualismo e o mimimi, jogou para o time, junto com Lucas Paquetá. Os dois contribuíram para uma atuação coletiva que não víamos há muito tempo. Mas o melhor de tudo ficou para a grande revelação entre os mais novos convocados: o ex-avaiano Raphinha. Alguém na Ressacada lembra dele? Claro que não, saiu direto das divisões de base para o futebol português. Hoje joga no Leeds inglês. Em Manaus marcou dois gols, tabelou com Neymar, deu passes, e atormentou a zaga uruguaia. Enfim, alguém para fugir da mesmice dos últimos jogos para nos brindar com uma belíssima atuação. Acho que não só garantiu vaga na Copa do Catar como vai viajar na janelinha.

Deixe seu comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Ao publicar um comentário, você concorda automaticamente com nossa política de privavidade e nossa política de cookies