17.06.2023
Ídolo do Figueirense, ex-atacante se recuperou dos vícios, mas poderia ter sido muito maior
Albeneir era ídolo do meu pai. Não o vi jogar. Ouvi muitas histórias sobre seus feitos com a camisa do Figueirense nos já distantes anos 80. Ouvi, também, relatos acerca do extracampo.
Embora magro, esguio, longilíneo, Albeneir não era atleta. Era jogador de bola. E dos bons. Foi artilheiro por vários clubes de Santa Catarina (Figueirense, Avaí, Joinville, Marcílio Dias), no Grêmio e até seleção brasileira de jovens. Fez muitos estragos a times adversários, assim como fez em sua vida. Álcool, drogas, excessos acompanharam a trajetória de um atacante que poderia ter consolidado carreira no Brasil e no exterior.
Repito que não vi o camisa 9 em campo, mas sei que sua história se assemelha a de tantos outros. Albeneir é de uma época que “resolver” no jogo bastava. Treinar, cuidar do físico, das finanças, da saúde, da carreira era algo raro. Ainda é, embora este campo tenha evoluído bastante nos últimos anos. Ainda assim, é possível encontrar casos de quem “desperdiçou” o talento ou foi vítima do próprio sucesso, fruto de falta de instrução, apoio e gente capaz de aconselhar o jogador nos âmbitos pessoal e profissional.
Recentemente, soubemos da máfia das apostas em que jogadores viram a oportunidade de dinheiro fácil, mas ainda houve a “pirâmide” envolvendo William Bigode, Gustavo Scarpa, entre outros milionários atletas do Palmeiras. Dito isto, me deparo com a entrevista do “gordinho” atacante Walter ao reviver sua trajetória dentro e fora de campo, dizendo, em carta, que se arrepende de ter largado o estudo e ser incapaz de escrever a carta com a própria história.
Assim como aconteceu com Albeneir e com tantos outros “famosos da bola”, há inúmeras histórias de gente desconhecida, talentosa, mas sem apoio/instrução. Gostaria, sinceramente, de que o Brasil produzisse gente capacitada para ajudar nas finanças, relações públicas, contabilidade e gestão de carreira (dentro e principalmente fora de campo) de atletas ou jogadores de bola. Lógico que nesse meio esportivo há muitos profissionais competentes, embora pareça difícil alcançar tantos desportistas do futebol, e, também, de tantas outras modalidades.
Aí volto ao Albeneir e sua realidade dos anos 80 e 90. Ídolo, bajulado, amado, precisou da mão amiga do padre Prim para não morrer antes, vitimado pela bebida e/ou drogas. Morreu aos 65 anos, sóbrio, recuperado e deixando um legado (para o bem e para o mal) aos amantes do esporte, do futebol e principalmente da vida.
Por
Henrique Santos
Jornalista, administrador, especialista em gestão do esporte, blogueiro, assessor de imprensa. Apaixonado por futebol e carnaval. Como editor do jornal Alvinegro e do site MeuFigueira, blogueiro da ESPN FC, comentarista do podcast Clássico em Debate, busquei, desde 2009, carregar essa paixão pelo Figueirense com a razão que um jornalista precisa ter.
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Já aproveita ,a foto é mostra vergonha,desta sala ,toda pode cimenta visível logo abaixo do Albufeira,deputados não tem vergonha !
Tive a sorte de encontrá-lo como preparador físico, chegou no Figueirense, destacou-se e foi para o Grêmio. Era o Sócrates do Figueira, habilidoso e imprevisível. Cumpriu sua missão, tornou-se invisível mas jamais será esquecido pela torcida do Figueira.
Depois de sua aposentadoria tive o prazer de jogar ao lado de um dos meus ídolos “Albeneir”.
Nesta partida, bati um escanteio e, adivinha! Claro! gol de Albeneir.
Gente finíssima, meu vizinho em Biguaçu.
Deixa saudades …