Dr Funchal: Trauma na cabeça – a concussão ou contusão cerebral

27.01.2021

Dr Funchal: Trauma na cabeça – a concussão ou contusão cerebral

Dr Funchal: Trauma na cabeça – a concussão ou contusão cerebral

Neste artigo, vamos falar de uma lesão pouco comentada, mas comum em vários esportes, que pode trazer sequelas ou até ser de desfecho trágico, a Concussão cerebral. Esta entidade é um tipo de trauma crânio-encefálico (traumatismo na cabeça) que se caracteriza por uma perda transitória da consciência. Esta pancada leve na cabeça, com ou sem perda de consciência, pode levar a sintomas cognitivos temporários. São considerados traumas contusos, quando não há perfuração da pele, como no caso de pancadas ou escorregões.

lesão cerebral

Normalmente estes traumas podem evoluir com algum tipo de queixas. Entre muitos dos sintomas, podemos incluir dor de cabeça, confusão mental, falta de coordenação, perda de memória, náuseas, vômitos, tonturas, zumbido nos ouvidos, sonolência e fadiga excessiva. Esses sinais comprometem sua qualidade de vida. É importante ressaltar que se o impacto foi suficiente para provocar uma perda da consciência, ele pode ter sido forte o suficiente para causar algum dano ao cérebro. Assim, não se deve menosprezar os traumas e as possíveis queixas do traumatizado.

Deve-se entender que a Concussão é qualquer lesão no cérebro que perturba seu funcionamento normal de forma temporária ou permanente. Os abalos são normalmente causados por um golpe ou choque na cabeça. Os abalos podem acontecer em qualquer situação, mas mais frequentemente ocorrem em esportes de colisão, como futebol, rúgbi, basquete.

Uma diferenciação muito importante é a contusão e a concussão.

Diferente da contusão, as concussões causam uma disfunção cerebral temporária, sem apresentar fratura do crânio ou feridas na cabeça. Elas podem ocorrer mesmo após um traumatismo crânio-encefálico menor, dependendo da intensidade com que o cérebro foi mobilizado no interior da caixa craniana.

As contusões cerebrais são lesões traumáticas do cérebro, habitualmente causadas por um impacto direto e violento na cabeça, são lesões muito mais sérias.

As lacerações cerebrais, são lesões no tecido cerebral causadas por um objeto estranho ou fragmento ósseo, impelido para dentro da cavidade craneana devido a uma fratura dos ossos. Estas são lesões muito sérias e normalmente fruto de traumas de alta energia cinética, como colisões automobilísticas ou quedas de alturas.

A concussão, diferentemente do que se pensa, é uma lesão comum.

No futebol, estima-se que cerca de 2 a 3% de todas as lesões, sejam traumas na cabeça e uma boa parte concussão cerebral. Dados demonstram que cerca de 50% dos atletas que praticam o futebol profissionalmente, há pelo menos 10 anos, já sofreram algum grau desta lesão. Muitas estatísticas vão além, algumas apontam que em um campeonato profissional, pelo menos um jogador de cada um dos times participantes tem um quadro de concussão.

Logicamente o futebol americano é um dos protagonistas neste tipo de lesão. Recomendo aos interessados neste assunto assistirem o filme Concussion (2015), estrelado pelo “hollyudiano” Will Smith. Filme sensacional, muito bem feito e explicativo sobre as concussões cerebrais. E o melhor, História verídica! Vale a pena.

Não há cura específica para concussão. Descansar e restringir atividades permite que o cérebro se recupere. O melhor tratamento para a concussão é descanso completo de toda a atividade física e mental. As crianças devem ser monitoradas com frequência, mas não há necessidade de despertá-las durante o sono.

O tempo de recuperação de uma concussão é variável, com base no indivíduo,  da gravidade do choque e do histórico de abalos anteriores. Logicamente num caso de trauma craniano a avaliação médica é de fundamental importância para definir o grau e a intensidade do dano.

Todos os abalos são potencialmente graves, e todos os atletas com suspeita de concussão não devem voltar a jogar até que um médico seja consultado. Um médico pode confirmar o diagnóstico de concussão e determinar a necessidade de exames especializados, como tomografia computadorizada, ressonância magnética ou testes neuropsicológicos, para decidir quando o atleta poderá voltar a jogar.

Negligenciar um trauma craniano pode ser um erro fatal, mas nada melhor que procurar o auxílio de profissionais da área para orientação e cuidado.

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Dr. Luis Fernando Zukanovich Funchal Mestre em Ciências da Saúde Aplicadas ao Esporte e a Atividade Física - UNIFESP Chefe do Departamento Médico do Avaí Futebol Clube Pesquisador do LEBm/HU - UFSC Membro Titular da SBCJ Membro Titular da SBRATE

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