Vamos iniciar este novo tópico, falando inicialmente da anatomia. Então! A articulação do tornozelo é definida pela junção harmônica dos ossos da perna (tíbia e fíbula) e pelo osso do tálus (osso do pé). A junção da tíbia e a fíbula, formam uma “conformação óssea” chamada de pinça articular, onde o osso do tálus se encaixa. Outro ponto importante nesta formação óssea é seu conjunto de ligamentos, fundamentais para manutenção da união de toda estrutura. Eles podem ser divididos em três grupos:

• Ligamentos laterais: localizados na parte externa do tornozelo, incluem os ligamentos talofibular anterior, calcaneofibular e talofibular posterior.

• Ligamentos mediais: localizados na parte interna do tornozelo, incluem o ligamento deltoide superficial e profundo.

• Ligamentos sindesmóticos: Ligamentos que unem a tíbia com a fíbula, incluem o tibiofibular anterior e posterior e a membrana interóssea.

Esse tipo de lesão habitualmente se dá quando ocorre um movimento lateral do pé – no caso de entorse do tornozelo – numa intensidade além do suportável pelas estruturas estabilizadoras e estruturais. Isso acontece com frequência ao pisar em terreno irregular, degrau ou, um fato bastante recorrente é o aparecimento destas lesões no esporte, em terrenos irregulares, em trauma diretos deliberados ou ao pisar no pé de outro atleta.

A apresentação clínica da entorse do tornozelo envolve dor, edema, hematoma no local, decorrente do sangramento (equimose) de estruturas lesadas e dificuldade para caminhar ou fazer os movimentos laterais e/ou mediais com o pé.

A gravidade da lesão, leva ao aumento e intensificação de cada alteração. Tornando mais evidentes cada sinal. O diagnóstico deve ser feito por um médico habilitado e normalmente é confirmado a partir da associação desses sintomas.

O tratamento deste tipo de lesão ligamentar do tornozelo é controle da dor, diminuição do inchaço, com um retorno progressivo as atividades diárias, e evitar as possíveis complicações, como a instabilidade ligamentar.

Este tratamento clínico se baseia em repouso, associado ao uso de compressas / bolsa de gelo, elevação do membro afetado e proteção articular com imobilizador ou tala gessada. Outra medida é o uso de anti-inflamatórios (fato que deve ser absolutamente prescrito por médico) e a fisioterapia. Todas estas medidas juntas podem auxiliar no período inicial do tratamento, melhorando um resultado final e evitando sequelas.

As chamadas lesões leves os sintomas podem durar, entre uma a três semanas. Já lesões mais complicadas, a proteção articular com imobilizadores semirrígidos são necessárias por tempo prolongado. Um fato a ser alertado é sobre queixas residuais, pois alguns pacientes permanecem com dor ou instabilidade após seis meses do tratamento da lesão ligamentar aguda. Uma das possíveis razões destas queixas, são lesões associadas: instabilidade crônica por falta de cicatrização ligamentar, lesão osteocondral, impacto com processo inflamatório tíbio-fibular distal e impacto anterior com exostose. A investigação diagnóstica destes pacientes pode ser realizada pelo exame clínico associado a métodos diagnósticos, como as radiografias simples e com estresse, ressonância magnética.

É importante lembrar que o tratamento deve ser feito de forma individualizada e o paciente precisa seguir as orientações do especialista para que os resultados sejam alcançados no tempo e nas condições apropriadas sem sequelas.

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Dr. Funchal

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Dr. Luis Fernando Zukanovich Funchal Mestre em Ciências da Saúde Aplicadas ao Esporte e a Atividade Física - UNIFESP Chefe do Departamento Médico do Avaí Futebol Clube Pesquisador do LEBm/HU - UFSC Membro Titular da SBCJ Membro Titular da SBRATE

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