Associação de Torcidas Organizadas aposta no diálogo e educação dos torcedores

06.02.2023

Associação de Torcidas Organizadas aposta no diálogo e educação dos torcedores

ANATORG esteve em reunião com clubes, FCF e autoridades no fim de janeiro

No final de janeiro, representantes de torcidas organizadas, clubes da Grande Florianópolis, autoridades, Federação Catarinense de Futebol, MPSC, entre outros, estiveram reunidos em “Reunião Pública” para debater medidas de padronização nos procedimentos de entrada nos estádios de Santa Catarina. Foi, provavelmente, a primeira vez que ouvimos falar da ANATORG (Associação Nacional das Torcidas Organizadas) no estado.

Em Santa Catarina, a entidade realiza eventos faz quase 10 anos e é presidida pelo advogado e Conselheiro Deliberativo do Avaí, José Carlos Silva Júnior. Ele conversou com o “Marcou no Esporte” e explicou o papel da Associação, suas ações e a forma como pretende avançar no futebol e em outras manifestações populares como o carnaval e ações sociais.

Foto: Divulgação/FCF

Marcou: O que é e o que faz a ANATORG?
José Carlos: A ANATORG (Associação Nacional das Torcidas Organizadas) foi fundada em 2014 por lideranças novas e antigas de torcidas de todo o Brasil. Inicialmente, houve um intercâmbio proposto pelo governo da Alemanha que levou essas lideranças para observar o projeto existente no país, o FANPROJECT, que é uma associação mediadora entre o poder público e movimento de torcidas da Alemanha. Em SC, fomos contemplados com um evento realizado aqui pelo ministério dos esportes, que assistiu esse projeto de 2014 a 2016, quando houve a mudança de governo. Basicamente o projeto consiste em colocar as lideranças das torcidas para dialogar, visando a construção de mecanismos de proteção para o movimento de torcidas. Além de construir pontes, a associação oferta hoje assistência jurídica para as torcidas através da parceria que possui com o Koerich & Santos Advogados Associados.

Marcou: Quais torcidas fazem parte da Associação na região sul e em Santa Catarina?
José Carlos: Na região sul, as três principais torcidas do Paraná, as principais dos quatro clubes do RS, capital e Caxias e em SC hoje na nacional temos a filiação das maiores de capital, das torcidas da Chapecoense, do Criciúma, do Hercílio Luz e do Metropolitano, sendo que recém iniciamos um GT para desenvolver um novo projeto em SC.


Marcou: Quais ações e reuniões que a ANATORG realizou e está realizando em prol do futebol?
José Carlos: A ANATORG trouxe um seminário em 2014 para Florianópolis, convidando todas as torcidas para o debate e, desde então, vem trabalhando em prol das torcidas do estado. Hoje, estamos montando nossa filial regional em SC, dispondo de corpo jurídico e demais estruturas para prestar auxílio para as torcidas.


Marcou: O que falta para as torcidas organizadas serem reconhecidas e respeitadas?
José Carlos: Vai um longo caminho para o movimento de torcidas ser respeitado. Primeiro, são as próprias lideranças entenderem o papel das torcidas na sociedade para, aí sim, reivindicar o necessário reconhecimento do Estado.


Marcou: O que acha da violência nos estádios e fora deles envolvendo membros das organizadas?
José Carlos: A violência é um problema social que as torcidas foram carregando o fardo durante todos esses anos. Todas as medidas adotadas pelo Estado para combater a violência marginalizaram o movimento de torcidas e não resolveram o problema social. A ANATORG surge apontando um novo caminho, o da institucionalização das torcidas, da educação dos torcedores e da criminalização do CPF, ao invés do CNPJ, como forma de combate à intolerância esportiva.


Marcou: Recentemente, a ANATORG teve reunião com clubes, MPSC e outras autoridades. O que foi tratado e quais próximas reuniões?
José Carlos: A ANATORG chamou a reunião na sede da Federação visando a padronização dos procedimentos para entradas nos estádios pelas torcidas organizadas, além de nos ofertarmos como canal de diálogo entre o movimento de torcidas e poder público.


Marcou: Quais objetivos da ANATORG no curto, médio e longo prazos?
José Carlos: A curto prazo, queremos organizar a parte jurídica das Torcidas no Estado, bem como lutar por uma flexibilização das regras existentes que não deixam as torcidas promoverem as lindas festas que sabem nos jogos. A médio prazo, queremos diminuir a interferência do poder público sobre as torcidas, não podemos admitir que as torcidas da capital estejam fora do carnaval, à exemplo, por determinação arbitrária de setores do poder público. A longo prazo, é educar os torcedores e as torcidas para que se tornem instrumentos de desenvolvimento social.

Conheça mais sobre a ANATORG em https://www.instagram.com/anatorgsc/ e https://anatorg.com.br/

Henrique Santos

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Henrique Santos


Jornalista, administrador, especialista em gestão do esporte, blogueiro, assessor de imprensa. Apaixonado por futebol e carnaval. Como editor do jornal Alvinegro e do site MeuFigueira, blogueiro da ESPN FC, comentarista do podcast Clássico em Debate, busquei, desde 2009, carregar essa paixão pelo Figueirense com a razão que um jornalista precisa ter.

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