Dr. Funchal: Tendinite Patelar (joelho do saltador)

24.04.2021

Dr. Funchal: Tendinite Patelar (joelho do saltador)

A tendinopatia patelar ou jumper’s knee (joelho do saltador) é uma lesão comum que acomete frequentemente atletas, praticantes de atividades com salto, força de impacto repetitivo e/ou com aterrissagem. A sobrecarga excessiva no tendão, provocar alterações na matriz extracelular do tendão, resultando em pequenas lesões que, cronicamente, poderão levar a um quadro de tendinose. A localização da lesão é variável, mas sua principal área de apresentação é na região do pólo inferior da patela. É importante lembrar que a dor na região anterior do joelho, queixa comum, é o primeiro sintoma relatado pelo paciente portador dessa afecção. Logicamente, esta queixa não é suficiente para o diagnóstico de joelho do saltador, mas é um sintoma de suma importância. Seu início é insidioso e gradual, principalmente após atividade física, mas, com a progressão da doença, pode tornar-se freqüente durante ou já no início da atividade. O diagnóstico de tendinopatia do patelar é claramente clínico, caracterizado por dor à palpação no pólo inferior da patela e adjacências e, nos casos mais avançados, nódulo palpável e edema associado podem ser visualizados. Assim, focar numa análise clínica e anamnese adequadamente realizadas, é um passo fundamental para o começo do diagnóstico. A dor pode piorar durante o período noturno, atrapalhando o sono; ao subir e descer escadas ou ao manter o joelho flexionado por tempo prolongado.

Quando a região é palpada, a dor é imediata e bem localizada, esta palpação é, inclusive, um modo de testar e identificar o grau da dor, ou seja, leve, moderada ou intensa. Squat test: trata-se de um teste clínico funcional, que consiste na inclinação da perna em agachamento sobre uma plataforma inclinada a 30 graus, de forma que o ligamento patelar sofra maior carga exercida, contribuindo com o diagnóstico de tendinopatia patelar, já que a estrutura afetada no teste é o tendão em questão. Outras formas de diagnósticos são fundamentais para investigar apropriadamente o quadro clínico e para que o tratamento seja adaptado.

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Numa indicação adequada e necessária, podemos fazer uso de exames complementares, como radiografia (Rx), ultra-sonografia (US) e ressonância magnética (RM) auxiliam no diagnóstico. O Rx simples, muitas das vezes, é o primeiro exame a ser utilizado e vale a pena fazermos uma ressalva. O Raio X pode mostrar muitas coisas, polo inferior alongado, pontiagudo, afilado e calcificações estranhas a normalidade do tendão. O US e a RM são muito úteis e acabam sendo os mais solicitados, pois podem definir o local exato da lesão, sua extensão, como também identificar a presença ou não de alterações degenerativas. Ultrassonografia: este exame de imagem é importante para a visualização de possíveis alterações no ligamento patelar, irregularidades em torno do tendão e calcificações, é um exame prático e rápido, porém a eficácia do exame depende do examinador, sendo a RM o que fornece melhor resolução. Este último, por sua vez, oferece maior resolução que proporciona uma visualização mais detalhada de cada estrutura, inclusive do ligamento patelar, podendo diagnosticar a tendinopatia patelar com mais precisão, uma vez que neste exame, pode-se visualizar o aumento do tendão. No entanto, este exame é recomendado apenas nos casos mais difíceis de diagnóstico ou casos cirúrgicos, pois seu custo é maior e sua maior indicação é na elucidação de dúvidas mantidas, mesmo após a execução dos outros exames.

O tratamento inicial da tendinopatia é clínico, com repouso relativo, correção dos fatores etiológicos, além de crioterapia e medidas fisioterápicas. O fisioterapeuta irá trabalhar para diminuir a pressão na região, melhorar o alongamento muscular de diversos grupos, incluindo dos flexores do quadril, extensores da perna, além de detectar possíveis desequilíbrios musculares para tratar os mesmos. A utilização da medicação analgésica e anti-inflamatória é controversa, mas habitualmente faz parte do tratamento, que deve ser orientado exclusivamente por indicação e prescrição médica. Não devemos realizar automedicação. Nos casos que não respondem ao tratamento clínico, o cirúrgico pode ser opção. Nestes casos principalmente as indicações são muito raras e várias técnicas são descritas, a literatura demonstrando índices variados de bons resultados. Cabe aqui uma importante ponderação, a necessidade cirúrgica é rara e deve ser meticulosamente indicada, por especialista acostumado a tratar este tipo de afecção.

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Dr. Luis Fernando Zukanovich Funchal Mestre em Ciências da Saúde Aplicadas ao Esporte e a Atividade Física - UNIFESP Chefe do Departamento Médico do Avaí Futebol Clube Pesquisador do LEBm/HU - UFSC Membro Titular da SBCJ Membro Titular da SBRATE

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