Dr. Funchal: Saiba o que é a dor muscular tardia

15.05.2021

Dr. Funchal: Saiba o que é a dor muscular tardia

A dor muscular tardia, cuja abreviação em inglês é DOMS (Delayed Onset Muscle Soreness), é caracterizada por uma dor após o exercício de aparecimento tardio, em média 24 a 48 horas pós-atividade. É interessante saber que ela pode ocorrer em indivíduos sedentários, que iniciaram uma atividade física ou até mesmo em atletas de alto nível que mudaram o padrão de atividade num período de treinamento ou quando iniciaram atividades as quais não estão acostumados.

Existem algumas características para o diagnóstico da dor muscular tardia, eles são: surge cerca de 8 horas após o exercício, aumentando a intensidade nas próximas 24 a 48 horas, diminuindo progressivamente após 72 horas.

Ela ocorre em exercício com predominância de contrações excêntricas e apresenta os seguintes sinais e sintomas: sensação de enrijecimento muscular, aumento da sensibilidade ao toque de forma desagradável e dolorosa, diminuição da amplitude do movimento e incapacidade de gerar força máxima de forma semelhante ao período antes do início do exercício.

A presença da liberação de proteínas intramusculares na corrente sanguínea, de elementos como citocinas no tecido muscular e sangue, como a migração de leucócitos para o local lesionado, fortificam a ideia das lesões na membrana plasmática e micro lesões à estrutura muscular. Este processo acaba por levar a uma resposta inflamatória. Fato responsável pela dor. Acredita-se que a resposta inflamatória é proporcional à intensidade do estímulo, e a dor é
um mecanismo de proteção do organismo, indicando que o estímulo, está sendo “nocivo” ao sistema. Acredita-se também, que a percepção de dor pode ocorrer pela formação de edema, levando ao aumento do volume muscular, pelo acúmulo de fluído intramuscular. Esta cascata de eventos, levaria a um aumento da pressão no interior do compartimento muscular ativando receptores da dor.

Muitos trabalhos sobre o assunto, citam a existência de receptores de dor específico na musculatura. Estas estruturas são terminações nervosas livres as quais são ativadas por estímulos químicos, mecânicos e térmicos. Fibras nervosas aferentes do tipo III e IV transmitem ao cérebro a sensação dolorosa. As fibras do tipo III localizam-se na junção do músculo com o tendão e na superfície muscular, elas identificam predominantemente estímulos mecânicos e as fibras do tipo IV são responsáveis pela transmissão da dor causada por agentes químicos e está predominantemente no tecido conjuntivo e nas proximidades dos vasos sanguíneos.

As evidências demonstram que a DOMS consiste num processo inflamatório, assim, a maioria das propostas, como alternativa de tratamento, visam o uso de medidas anti-inflamatórias como linha de tratamento. Muitas são as alternativas levantadas: a terapia de massagem pós-atividade física, apresenta resultados que podem ser promissores.

Outras alternativas estão alicerçadas no exercício físico, que seria a melhor “terapia” a ser utilizada no tratamento da dor muscular tardia, seja reduzindo a intensidade e duração do exercício durante 1 ou 2 dias que seguem a dor muscular tardia, ou alternando exercícios que visem outras partes do corpo menos afetadas. Porém algumas outras correntes poucos afirmam que o mesmo tipo de exercício repetido 2 dias, depois de ser manifestado os sinais da
dor muscular tardia, não altera de forma significativa o tempo de recuperação.

Diante de tais questionamentos e da pouca eficiência definitiva nos tratamentos estudados até o momento, se faz necessário mais pesquisas sobre o assunto, tanto para esclarecer se o processo inflamatório leva à adaptação, quanto para descobrir as vantagens em interromper ou minimizar a dor muscular tardia.

Mas um fato concreto é que a DOMS existe, deve ser respeitada, deve ser avaliada e se necessário tratada com pessoas habilitadas e familiarizadas com a entidade clínica.

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Dr. Luis Fernando Zukanovich Funchal Mestre em Ciências da Saúde Aplicadas ao Esporte e a Atividade Física - UNIFESP Chefe do Departamento Médico do Avaí Futebol Clube Pesquisador do LEBm/HU - UFSC Membro Titular da SBCJ Membro Titular da SBRATE

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